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A SUPERSAFRA BRASILEIRA DE GRÃOS E O DESCOMPASSO DA INFRAESTRUTURA: UM GIGANTE SEM ONDE GUARDAR A RIQUEZA

  • gabrielaluisaconti
  • 28 de jul.
  • 2 min de leitura

A superprodução de grãos no Brasil, que este ano atingiu a marca histórica de 336,1 milhões de toneladas, é um feito que merece ser celebrado. No entanto, por trás dos números impressionantes e do esforço incansável de produtores e do agronegócio, emerge um problema estrutural que há décadas penaliza a economia nacional; - a deficiência na infraestrutura de armazenagem. Com uma capacidade estática de apenas 212,6 milhões de toneladas, o país ostenta um déficit de mais de 124 milhões de toneladas, expondo milhões de toneladas de riqueza a intempéries e à inevitável deterioração. O Brasil vive uma situação paradoxal incompreensível. É um gigante agrícola que não tem onde guardar sua própria colheita.


foto ilustrativa
Reprodução: gov.br

Os prejuízos econômicos decorrentes dessa lacuna são vastos e multifacetados. Sem capacidade de armazenagem adequada, o produtor rural é forçado a escoar sua safra no pico da colheita, justamente quando a oferta é máxima e os preços de mercado atingem seus patamares mais baixos. Essa pressão de venda resulta em uma perda significativa no poder de negociação do agricultor, erodindo sua renda e comprometendo a sustentabilidade financeira de um setor que é pilar da economia brasileira. Além da desvalorização do produto, os custos logísticos no período da colheita são exacerbados pela demanda concentrada, onerando ainda mais toda a cadeia produtiva e reduzindo a competitividade do grão brasileiro no mercado internacional.


A ausência de políticas públicas de longo prazo e a falta de incentivos eficazes para a construção de silos agravam o cenário. Embora o Plano Safra 2025/26 preveja incentivos para a armazenagem, a taxa de juros de 8,5% ao ano para essa linha de crédito é um desestímulo significativo, minando a viabilidade de investimentos que são cruciais. É fundamental que um país com a vocação agrícola do Brasil possua uma capacidade de armazenamento equivalente a, no mínimo, 120% de sua produção, conforme recomendado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). No entanto, estamos muito aquém desse ideal, presos a uma visão de curto prazo que trata a armazenagem como um detalhe, e não como um elo vital e estratégico para a eficiência e a equidade da cadeia produtiva. É irônico, para um país que se orgulha de ser o "celeiro do mundo", constatar que esse celeiro não possui portas, nem paredes, muito menos telhado para proteger um bem tão valioso.



Fernando Fialho é engenheiro civil. Gestor com larga experiência no setor público e privado. Sócio da Modal Consult e Modal ESG.


A SUPERSAFRA BRASILEIRA DE GRÃOS E O DESCOMPASSO DA INFRAESTRUTURA: UM GIGANTE SEM ONDE GUARDAR A RIQUEZA

 
 
 

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